Um ponteiro quebrado,
Que ao peso do tempo
Envergou.
Na agenda nomes riscados,
A quem a memória
Tratou de apagar.
No peito vazio,
Um nome que
No verso da foto rasgada
Pensei um dia guardar.
O SUICIDA - Sem Medo de Pensar
Um blog onde divulgo minhas poesias, contos e pensamentos. Um local para o dialogo. Sem Pré-conceitos. Um lugar para a diversão e o prazer intelectual.
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
terça-feira, 4 de junho de 2019
Quantos cães
Vindos da sarjeta
Rondam o que
Chamei de casa?
Que ímpeto, o tempo,
Como inquisidor,
Baterá à minha porta,
para descobri-la vazia?
E as moscas,
Sobre a sopa fria,
O que dirão?
Lágrimas, para quem,
Se pelas nuvens,
O meu jardim secou?
Se um dia estive aqui,
apenas irão lembrar
silêncio e esquecimento.
Vindos da sarjeta
Rondam o que
Chamei de casa?
Que ímpeto, o tempo,
Como inquisidor,
Baterá à minha porta,
para descobri-la vazia?
E as moscas,
Sobre a sopa fria,
O que dirão?
Lágrimas, para quem,
Se pelas nuvens,
O meu jardim secou?
Se um dia estive aqui,
apenas irão lembrar
silêncio e esquecimento.
domingo, 10 de junho de 2018
e não há estrelas ou lua.
Quem um dia pensou
que ela levaria as cores
sonhadas ao nascer do dia.
Oh terrível noite
que de minha alma
se fez dona.
Em teu vazio
minha alma se contrai.
Me entrego aos vícios
que como placebo
a vida me traz.
E com enebriante beijo
tento me entregar
para suportar o peso
que na completa escuridão
em seu manto esconde
todo o peso do universo.
E se aqui minha vida findar
não haverá espaço
para lagrimas ou lembranças
pois a noite com seu manto
me esmaga ao esquecimento.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
MAKTUB (Estava Escrito)
Seus
olhos foram lentamente se abrindo. Pelo menos esta foi a impressão inicial que
ele teve. Mas a certeza não veio, pois apesar de sentir que suas pálpebras
agora estavam bem afastadas uma da outra, o que via era apenas a escuridão. A
sensação de estar ali há algum tempo veio à medida que sentiu suas articulações
enferrujadas pelo desuso. Moveu o braço esquerdo lentamente, como para que seu
cérebro se reacostumasse ao seu corpo. Sentiu que seus dedos passavam por entre
folhas de papel, dezenas delas. Agora era a vez do braço direito. Ele estava
mais pesado do que o esquerdo. Tentou serrar o punho, mas algo o impediu de
completar tal tarefa, não porque não tivesse força ou porque seu cérebro não
conseguisse, mas porque segurava uma estrutura fria e aparentemente metálica.
Tentou separar os dedos e se desfazer daquela estranha sensação que aquele
objeto lhe dava, mas não conseguiu. Dessa vez seu cérebro como por instinto, em
relação a algo que ele não sabia o que ou por que, não queria largar “aquilo”.
Seus olhos teimavam em não querer se adaptar a
escuridão. O que lhe deixava mais aflito. Ficou por algum tempo parado,
tentando entender a situação. Aonde estava, como chegara até ali, o que
acontecerá e, o pensamento seguinte o fez vacilar um pouco, quem ele era.
Talvez quando conseguir ver algo naquele lugar, ele conseguirá as respostas
como por mágica, como se elas estivessem ali escondidas pela escuridão e apenas
os seus olhos não as podessem ver, ainda.
-
Quem sou eu? Ele falava! Aparentemente seu cérebro não o havia privado de
certas faculdades. Essa pergunta ficou ecoando em sua cabeça, e teve a
impressão de que alguém ao longe dava risadas de sua lastimável situação.
Será
que o tempo conseguia passar naquela total escuridão sem se perder? Ele podia
ver os segundos se batendo com os minutos, e as horas desesperadas pisando e
esmagando os pequenos e diminutos segundos. Bateu com a mão direita na testa e
sentiu dor maior do que esperava. Ficar ali muito tempo parado olhando para o
vazio estava lhe deixando louco. Precisaria juntar toda sua energia e em
concordância com seu cérebro levantar e procurar uma saída. Se é que existia.
Não estaria todo o mundo assim? Jogado na escuridão?
Desistira
de pensar e resolvera agir. Só que seu corpo foi mais rápido do que seu
cérebro, e sentiu mais uma vez sua testa doer. Só que desta vez pareceu-lhe
mais suave, e teve a impressão de ouvir por cima de sua cabeça o barulho de
algum objeto rolando lentamente. Aguardou. Subitamente teve a sensação de que
algo passará a sua frente. Mas antes que pudesse racionalizar tudo aquilo que
acontecerá em frações de segundos, ouviu um som seco como plástico batendo
sobre papel. E por um instante ouviu a voz de Deus: “E se faça a luz.” E no
meio do que antes era treva, um feixe de luz surgiu espantando alguns demônios
e fazendo surgir outro mais forte de um brilho opaco, preso firme a sua mão
direita. Um revolver calibre 38 entre seus dedos. Como a serpente entregando a
Eva a maçã no paraíso, os feixes de luz serpentearam por alguns segundos na
escuridão e entregaram a ele aquele objeto frio, metálico, de um brilho opaco
que lhe dava o poder, mesmo que só em sua mente, de matar a própria escuridão.
Abriu lentamente a arma e em seu tambor com capacidade para seis balas viu que
só restara uma dentro.
Antes
que sua mão direita levasse até seu cérebro aquela maçã podre em forma de
revolver, sentiu o som de papel amassar a sua esquerda e curioso virou-se quase
como em automático.
Sem perceber, guardará lentamente a arma entre seu corpo e a
calça que vestia. Engraçado, o frio do metal não o incomodou. A mão direita,
agora livre, segurava meio que vacilando, tentada por mais uma mordida na maçã,
a lanterna. Iluminou a mão esquerda e pode ver que ela amassava umas três
folhas de papeis, e que não só debaixo dela, mas ao redor dele havia dezenas
delas.
Circundou
lentamente com a lanterna para tentar se localizar. Era uma biblioteca.
Estantes repletas de livros. Mas algo um pouco a sua frente chamou sua atenção.
Uma máquina-de-escrever, isolada do resto, com uma folha presa. Engatinhou
lentamente até ela, segurou com a mão esquerda a folha que estava na maquina e
puxou. Estava numerada com um enorme 11593 vermelho. Havia algo escrito nela,
datilografado com tamanha força e fúria, que algumas letras chegaram a
transpassar a folha. Mais uma vez a lanterna vacilou em sua mão direita, mas
não pela tentação de ter mais uma vez o calibre 38 em suas mãos, mas pelas
palavras que iluminava no papel, juntas pareciam mais destrutivas que a bala
dentro de sua arma. A cada frase formada, parecia sentir em seu coração cada
letra sendo cravada nele. Girou a lanterna em um 360º perfeito, tendo ele como
centro. Deveria ter mais alguém ali, seria a única explicação. Como estaria
tudo ali, naquela folha de papel, do momento em que abriu os olhos até o
momento seguinte e seguinte e seguinte. Tentou fazer outro 360º, pois na
primeira tentativa não encontrará ninguém, mas desta vez antes de checar a metade
tombou por sobre uma pilha de papeis que estavam as suas costas. E veio a sua
mente a última linha do escrito: “E SURPRESA MAIOR TEVE AO ENCARAR CADA PÁGINA
SOLTA, POIS NELAS ENCONTROU TERROR MAIOR. E MESMO QUE AS RASGUE, ELAS FICARAM
GRAVADAS EM SUAS LEMBRANÇAS.
E DE HOJE EM DIANTE, DESEJARÁ TER DE VOLTA SEUS ANTIGOS
PESADELOS” Sem um ponto final. Era assim que acabava o texto, indicando que
aquela não era a última página.
As
letras sobre cada folha pareciam dançar diante de seus olhos. Podia ver em cada
uma números enormes em
vermelho. Movido por um instinto primitivo de curiosidade
começou a juntar as folhas tentando colocar em uma ordem crescente numérica,
talvez encontrasse respostas nelas. Demorou algum tempo, sem saber precisar
quanto tinha sido. Juntará mais de mil delas, percebendo que havia muitas
faltando. O menor número que encontrou foi o 7856, mas nenhum maior que 11593.
Estava
um pouco cansado. Como tivesse trabalhado por dias inteiros sem descansar. Mas
mesmo assim iluminou a primeira página. À medida que seus olhos passeavam por
elas, sentia que seu cérebro se antecipava, dando-lhe a sensação de que já
vivenciou tudo aquilo. De forma repentina lançou tudo que tinha em mãos para o
alto. Uma chuva de folhas. E junto, iluminando cada uma, ele viu a lanterna
subir lentamente, escrever no ar letras desconhecidas a ele e, com um som seco
de plástico chocando-se em concreto, viu pela ultima vez o feixe de luz e
sentiu como se fosse a própria lanterna, a dor de ser feito em milhões de
pequenos pedacinhos.
Pensou
que aquele seria seu fim. De volta as trevas, sentiu que sua cabeça começava a
doer, invadida por lembranças indesejáveis, que havia deletado de sua mente,
mas que de alguma forma aqueles textos resgataram. Era como se cada palavra que
lera, estivesse viva agora dentro de sua cabeça. Não ficou por muito tempo na
escuridão. Viu um pequeno ponto de luz a sua frente crescer lentamente, até
formar um enorme retângulo de luz, onde com certeza havia espaço pra uma pessoa
passar. Levantou e cambaleou pendendo pro lado direito, como se seu corpo
denunciasse o peso do calibre 38 que trazia na cintura, mas não caiu. À medida
que se aproximava da nova fonte de luz, seus olhos foram identificando uma
porta, mas não lembrava de ter visto nenhuma enquanto examinara a biblioteca.
Mas isso pouco importava, só queria sair das trevas o mais rápido possível e
quem sabe deixar para trás aquelas terríveis lembranças.
...
Saira
do inferno e agora estava no paraíso. Deitado em lençóis brancos, de um aroma
cítrico que de alguma forma lhe remeteu ao passado, que por mais que tentasse
lembrar as formas que tinha o seu passado, o máximo que podia ver era um branco
tingido de vermelho sangue. Sentiu um líquido quente descer pelos seus olhos.
Finalmente conseguiu chorar e liberar a angústia de poder lembrar algo
indesejável. Eram mais de mil folhas que ele havia contado e separado. Eram
mais de mil pessoas que ele havia matado. Sem motivos. Pelo simples prazer de
matar, da forma mais sádica possível. Enquanto estava naquela biblioteca escura
lendo, sentiu por um momento raiva daquele assassino, mas quando percebeu que o
assassino era ele, uma angustia terrível tomou conta de seu peito, pois parte
dele parecia gostar do que estava escrito. Mas deveria esquecer disto por enquanto,
neste momento seria incapaz de machucar uma formiga. A única pista que tinha
agora do que fazer era uma folha de papel que encontrará sobre um terno
listrado. Um número 11595 vermelho, seguido de um texto que parecia incompleto.
Pelo que leu aquele terno era seu, e realmente o era, pois serviu
perfeitamente. Dentro do bolso esquerdo inferior havia um cartão: “Pleasure Night Club” com seu respectivo endereço.
No verso ele havia escrito, quando? Ele não sabia:
“Hoje apenas um
Drink
Sexy on The Beach
apenas com Licor de
Pêssego”
Pela
segunda vez aquele pedaço de papel parecia ler sua mente e ver seus desejos e
atos. Se tudo aquilo era um jogo, uma brincadeira, não estava vendo graça
alguma. Era de arrepiar que alguém soubesse tudo que você vai fazer antes de
você. Realmente, precisava sair e beber algo, apagar por algumas horas e
esquecer de tudo, de preferência nos braços de uma prostituta. Dinheiro? No
bolso esquerdo da calça, assim estava escrito e assim aconteceu. Levantou-se de
forma brusca, sentiu uma pequena tontura, mas não desmaiou. Pensou em ligar
para recepção e fechar a conta, mas estava escrito que o telefone estava
quebrado, hesitou, mas não resistiu, quis conferir. O silêncio foi a única
resposta que teve quando tirou o fone do gancho. Precisava falar com a recepção
para trocarem. Abriu lentamente a porta do quarto e saiu. E a única imagem que
guardou daquele lugar foram de lençóis brancos e o número 11595 vermelho como
sangue maculando o branco virginal.
...
Ouviu
o som da porta se fechando as suas costas. Lá estava ele, no meio de uma enorme
boate onde garotas nuas rebolavam, falavam mentiras e vendiam um mundo melhor
em troca de dinheiro. Aquele mesmo dinheiro que parecia brotar em notas azuis
em seu bolso. “E dizem que o peixe-boi está em extinção, não para mim” pensou
com um leve sorriso no rosto. Olhou para trás e se lembrou que tudo aquilo lhe
parecia um sonho. Não se lembrava do que fez quando saiu da biblioteca. A
sensação que teve ao atravessar aquele retângulo de luz foi de que seu corpo
andou mais alguns passos para frente e tombou, mas havia algo para amaciar sua
queda. E lá estava ele deitado numa cama chique de quarto de hotel. A principio
achou que a biblioteca e o quarto estavam conectadas, mas ao abrir a porta do
quarto foi um enorme corredor que encontrou, repleto de outros quartos que se
alternavam de um lado a outro. O número de seu quarto: 113. Agora ali de pé,
encarando o banheiro masculino, ele tinha a mesma sensação, de que o quarto
estava ali dentro do banheiro, empurrou a porta, mas o que encontrou foi apenas
um odor de urina e vômito e um espelho redondo com o nome PLEASURE NIGHT CLUB
gravado nele. Olhou pra sua imagem no espelho e viu que seu terno estava
desabotoado, todo aberto, apenas escondendo sua arma na cintura. “Minha
Arma” falou baixinho, como saberia se era dele? Se não, agora ele acabara de
tomar posse, parecia já fazer parte dele, sentia sua pele e o frio metal se
fundindo num só.
-
Bem, já não preciso mais de você. Estava prestes a amassar e jogar o pequeno
cartão de visitas do clube noturno, quando viu no verso quase que uma ordem.
Havia esquecido. Hoje iria tomar um drink, apenas com Licor de Pêssego.
Chegou
lentamente ao balcão onde serviam as bebidas. E algo lhe chamou a atenção.
Parecia que todos ali o conheciam. A maneira como o olhavam, como se dirigiam a
ele. Confundiam-no com outra pessoa. Tinha quase certeza disto.
-
O de sempre? Foi a recepção que teve do barman.
-
Não... A reposta saiu tímida. Não lembrava de já ter ido a esta boate, muito
menos do que bebia. Não, hoje ele tinha uma ordem, escrita por ele mesmo. Pegou
o pequeno cartão. Hoje vou querer um Sexy on the Beach, apenas com Licor de
Pêssego.
O
barman se inclinou para frente em um pequeno ângulo, para poder pegar algo
debaixo do balcão do bar. Uma arma? Ele se afastou alguns passos para trás, já
preparado pra usar a única bala do seu 38, quando viu um som conhecido. Era um
par de chaves que o barman tratou de colocar sobre o balcão e empurra-las
suavemente para ele. Se não se apressasse a retornar ao seu lugar anterior,
elas teriam passado direto e tombado no chão. Havia um 13 enorme em uma pequena
placa de metal, e preso a ela duas chaves idênticas. Olhou para o barman, e
este devolveu o olhar acompanhado de um sorriso:
-
O de sempre. E deu as costas, e antes que ele pudesse falar algo, entrou em uma
pequena porta de metal.
Não
teve alternativa. Talvez seu drink o aguardasse neste local de número 13 e quem
sabe respostas também. Não sentiu seu corpo esbarrar uma única vez em alguém. O local estava
cheio e não encostar em alguém era impossível. Mas pelo dia que supunha estar
tendo, se tudo aquilo não for um sonho, nada mais lhe parecia impossível. Não
demorou e logo chegou a um estreito corredor, onde contou seis portas do seu lado
esquerdo e seis do seu lado direito. E uma solitária no lado mais distante
dele, com um enorme 13 pintado de cima a baixo. A chave encaixou perfeitamente
e com um pequeno giro, seguido de um estalo, a porta se movimentou e revelou um
pequeno quarto, iluminado apenas por um abajur. Não viu luxo, apenas uma cama
de casal, um ventilador de teto, um frigobar e no canto esquerdo uma portinhola
que parecia levar ao banheiro.
Pegou
uma cerveja no frigobar, pois era a única bebida com álcool que encontrou. “Aonde
está o meu Drink?” Se deitou olhando para o teto. E ficou vendo as hélices do
ventilador girando lentamente. O barulho lento e repetitivo do ventilador o fez
lembrar daquela maquina-de-escrever. Bebeu um pouco da cerveja, que desceu
refrescando sua garganta e depois se espalhando de forma mágica por seu corpo.
“Estupidamente gelada!” e com um estalo de língua bebeu mais um pouco. Tlac-Tlac-Tlac,
aquele som terrível de maquina-de-escrever, a sensação que tinha era de
que, mesmo solitária, aquele objeto continuava escondido nas trevas da
biblioteca, cravando uma a uma letras em uma folha de papel, registrando cada
passo de sua vida e muitas vezes até se antecipando. Isso mesmo, se
antecipando! Era uma corrida injusta. A maquina contra o homem. Ela sempre à
frente. E se ele se esforçasse mais, poderia ouvir cada vez mais forte o Tlac-Tlac-Tlac!
Aquele
aroma cítrico novamente. Parece que estava hoje ali para fazer uma viagem no
tempo. Mas aquele perfume só o fazia lembrar do branco misturado ao vermelho
sangue. Bebeu mais um pouco da cerveja. Pensou em repetir, mas sentiu o perfume
cítrico invadir suas narinas, uma pele macia encostar em seus lábios e sem
exitar deixou que a lata de cerveja fosse tirada de sua mão. Olhou lentamente
para esquerda e pode ver a silhueta, curvas femininas. Um sorriso. Pensou em
falar algo mais aquela pele macia ainda estava colada a sua boca.
-
Nunca pensei, digo nunca notei que você realmente gostasse de mim. Era uma voz
quase que cantada, de uma feminilidade e sensualidade encantadora. Pensei que
eu e as outras meninas éramos apenas diversão. Achei que você nunca fosse
notar. Que bom que notou. “Notar o que?” ele pensou, mas não teve como falar.
Tentou dizer que nem a conhecia. Que era a primeira vez q se encontravam, mas
não conseguiu. Antes que eu esqueça, você me disse que eu saberia a hora de lhe
devolver isto e acho que o dia especial é hoje. Lentamente tirou de dentro do
roupão um envelope. Tome, você sempre gostou de escrever não é?
Ficou
calado, não saberia responder. Até agora achava que a única coisa q tinha feito
na vida era matar, o que já era muito assustador. E agora, ela dizia que ele
era um escritor. Abriu com os dedos tremulantes o envelope, rasgando lentamente
sua lateral. Ela teve a impressão de ver seus olhos crescerem no rosto e seu
coração bater mais rápido.
-
Tudo bem querido? Ela perguntou.
Um
sim sem muita convicção do que dizia foi a única resposta que ele conseguiu
dar. Lá estava mais uma folha de papel, aparentemente iguais a todos que vinha
encontrando. Cuidadosamente dobrada, de forma simétrica. Repousando dentro de
um envelope branco.
-
Há quanto tempo?
-
Há quanto tempo o que? Ela respondeu meio que entre uma risada e um olhar
simulando seriedade.
-
Há quanto tempo eu deixei você com este envelope? Ele parecia bem sério, o que
fez com que a seriedade simulada se tornasse real.
-
No primeiro dia que nos conhecemos, há uns cinco anos atrás. Pensei que você
estava brincando. Mas você me olhou com este mesmo olhar sério! Acho que foi a
maneira que me olhou que me conquistou. E com uma pequena risada de felicidade
ela deu uma leve tapinha no rosto dele.
Ele
se calou e não deu atenção as últimas palavras dela. Segurou aquela folha de
papel nas mãos e jogou o envelope ao lado da cama. Desfez lentamente as dobras
e a primeira coisa que viu foi aquele número vermelho enorme tomando quase
metade da folha: 11595. Desfez a última dobra, e o que encontrou foram algumas
poucas linhas. O texto iniciava justamente onde acabara o que encontrou no
quarto de hotel. Uma continuação. Como um quebra-cabeça, faltando várias peças.
Mas o que teria escrito ali? Poderia ele acreditar nela?
-
Você está grávida? Estava ali, parecia um roteiro de uma peça. Ele, o ator
principal, repetia apenas as palavras da maneira como lia no pedaço de papel,
sem colocar nenhum sentimento no que dizia.
-
Sim, estou! Sabia que você havia notado. Um sorriso bobo surgiu no rosto dela.
Ótima atriz ele pensou. Sabe o texto de có.
-
Eu sou o pai. Não lembrava nunca de ter visto ela, quanto mais a engravidado.
-
Estou surpresa! Não achei que você aceitaria tão fácil. Ela continuava com
aquele sorriso bobo no rosto. Esperou o abraço, em algum momento ele iria
acontecer, estava escrito na droga do papel. Como ele desejava que ele
estivesse enganado. Mas não estava, seus olhos se encontraram e ela se lançou
em um abraço e ele pode sentir sua pele macia roçar em todo seu corpo. Mas com
um leve movimento dos ombros se desfez deste abraço.
-
Preciso ir ao banheiro. Não estou me sentindo bem. Não foi a noticia de que
seria pai que lhe perturbara, pois achava que um dia haveria de ser, muito
menos o abraço, mas sim as linhas seguintes daquele roteiro que lhe assustou.
Ela
não entendeu o que aconteceu, achou que tudo estava indo tão bem.
-
Por que você deu a mim o apelido de Licor de Pêssego? É a parte que você mais
gosta no drink Sexy on the Beach? Tipo, você desde o começo quis dizer que eu
era a sua preferida?
-
Talvez. Nem mesmo ele sabia a resposta, e deixou escapar uma pergunta. E havia
outras?
-
Claro. Uma risada de felicidade. Um drink não se faz com apenas um ingrediente.
No seu caso você sempre gostou deste tal Sexy on the Beach. Eu sou sua Licor de
Pêssego, as outras eram Vodka, a suquinho de laranja e a Grenadine.
Aquela
sensação de que o confundiam com outro não saia de sua cabeça. Como tantas
coisas podiam acontecer sem que ele se lembrasse delas. Entrou no banheiro, não
conseguiu acender nenhuma luz, aparentemente estavam queimadas. Quase que
espectral a luz do abajur entrava através da portinhola do banheiro e ele via
apenas o contorno de seu corpo no espelho. Não queria acreditar nas últimas
linhas do texto. Lavou o rosto, uma, duas vezes. Talvez acordasse em breve e
veria que tudo realmente era um sonho. Mas ao passear com a mão direita sobre a
pia, sentiu sua alma gelar. Ficou parado. Tentou confirmar com o tato, e lá
estava ao seu lado, uma tesoura, maior que um punhal. Estava no clímax daquele
ato. Todo o cenário montado. Os atores em cena. O roteiro seguido a risca. Não acreditava que
ele era o autor. Como poderia prever isto há cinco anos atrás.
Sem
anunciar, o abajur os deixou em total escuridão. Parece que seu destino era
caminhar pelas trevas mais uma vez, só que desta vez não teria a ajuda de uma
lanterna. Tudo bem, pois havia gravado bem o caminho até a porta, poderia sair
sem problemas. Num movimento enérgico se virou para trás, queria dizer para ela
não se preocupar, ficar onde estava que iria abrir a porta. Mas antes que
pudesse dizer qualquer coisa, sentiu seu braço direito parar em algo macio, e
algo quente percorrer entre seus dedos e molhar seu rosto. “Meu Deus!”
Esquecera de largar aquela tesoura. E no momento que girou, ela foi de encontro
ao ventre de Licor de Pêssego. Sentiu o macio dos braços dela passearem entre a
tesoura, seu braço e o ventre dela. Podia ver, ou melhor, imaginar um olhar de
incompreensão. Mas tudo que ele poderia dizer a ela naquele momento era que foi
perfeito, fechava-se com chave de ouro aquela encenação, poderiam serrar as
cortinas,bater palmas. Ela havia sido uma ótima atriz. Haviam seguido o roteiro
fielmente. E repetiu baixinho no ouvido dela as últimas palavras do texto que
ela o entregara. Sua própria sentença de morte.
“SEM
PRESSA A TESOURA ENTROU EM
SEU VENTRE , E PODE SENTIR O PRAZER DE CEIFAR DUAS VIDAS. ELA
FICOU EM SILÊNCIO, MAS ENQUANTO CORTAVA SUA BARRIGA DO UMBIGO PRA CIMA, PODE-SE
ESCUTAR A SUPLICA DE VIDA DO PEQUENO FETO, QUE RAPIDAMENTE FOI CALADO PELO
DESEJO DE SANGUE. O DRINK DE HOJE: BLOOD MARY”
Não
conseguiu chorar, nem expressar nenhuma emoção. Quando percebeu a gravidade de
tudo, soltou lentamente a tesoura. E sentiu Licor de Pêssego tombar. Correu em
direção ao local aonde achava estar a porta. E em sua mente soava como que
amplificada e ricocheteando nas paredes do quarto fazendo eco: BLOOD MARY.
...
Tudo
não passava de um engano. Estavam confundindo ele com outro. Era incapaz de
cometer um ato se quer de violência. Muito menos seria capaz de matar alguém.
Era tudo um pesadelo, mas se fosse por que ainda não acordou? Tentava gritar,
pedir ajuda, mas não conseguia. Sentia seu corpo coberto pelo sangue dela e de
seu filho. Precisava se limpar. Tirar aquela roupa. Tomar um banho e lavar toda
aquela impureza.
Não
foi difícil achar a saída daquele quarto. Era como se a escuridão tivesse
apagado tudo ali, e apenas correr em linha reta foi o suficiente. Atravessou a
porta sem dificuldades, e a luz de fora que veio direto as seus olhos pareciam
agulhas, e por um instante tudo que era negro ficou branco, mas ainda cego,
correu mais um pouco até sentir seu corpo descer bruscamente até o chão. Havia
tropeçado em algo. A
sensação de dor subiu pelas suas pernas e tomou conta de todo seu corpo. O chão
ali não era nada macio. Mas não ouvia mais a musica, o som de pessoas
conversando, nem aquela sensação estranha de todos estarem o olhando. Levantou
lentamente a cabeça, seus olhos estavam se acostumado, a luz não era tão forte
assim. Seus olhos deveriam estar enganados. Ele deve ter saído por uma porta
diferente da que entrou no quarto, pois ele não estava no corredor do clube
noturno. Seu coração estava assustado, parecia ter reconhecido aquele lugar.
Aquelas estantes cheias de livro, uma mesa a sua frente. Parecia uma
biblioteca. Reclinou a cabeça para trás para ver em que havia tropeçado. Ali
estava quente, seu corpo estava molhado de suor. Mas o que seus olhos viram,
mesmo que na penumbra, o fez achar o ambiente mais sufocante ainda, e sentiu
que talvez ali fosse o inferno, ele apenas não havia ainda se dado conta. Lá
estava ela. A maquina-de-escrever, parada, olhando para ele, zombando dele. Não
acreditou que tivesse retornado a biblioteca. A principio não a havia
reconhecido, pois estava mais iluminada agora. Mas aquela maquina, agora tinha
certeza!
Aonde
estavam as folhas de papeis que encontrara antes? Parecia que alguém havia
tomado a liberdade de arrumar aquele lugar. Passou a mão pelo rosto esperando
sentir o suor misturado ao sangue da garota que acabara de matar. Mas nem suor,
nem sangue vieram em sua mão. Olhou para roupa, precisava trocá-la, pois
estaria toda coberta de sangue. Mas não estava, e muito menos estava com o
terno listrado. Estava vestindo uma camisa preta de mangas longas, dobradas com
a mesma simetria que lhe fazia lembrar a folha de papel que Licor de Pêssego lhe
dera. Passou a mão na cintura, e percebeu que a arma continuava no mesmo lugar.
Não sabia o que sentir. Sentia a tensão da situação em seus ombros.
-
Bem vindo ao lar. Aquela voz veio como a de um fantasma as suas costas.
Lar?
Como poderia chamar aquilo de lar. Nem sabia quem ele era, como poderia saber
se realmente tinha um lar. Afastou-se com medo do que poderia encontrar e não
ter como se defender e só então pode encarar o dono daquela voz.
-
Quem é você? Foi a única pergunta que conseguiu fazer. A sensação que tinha era
de conhecer aquela pessoa por trás da penumbra e em cima da mesa. De tantas que
virá neste sonho louco, aquela era a única que tinha a sensação de conhecer.
Em
um movimento brusco a figura em um pulo, saltou de cima da mesa e parou atrás
da máquina-de-escrever. Um salto bem calculado. A fraca luz iluminou aquele
rosto conhecido. Quantas vezes não vira aquele rosto. Como poderia esquecer?
Aquele rosto estava no hotel e na casa noturna, todas as vezes que se olhou em
um espelho, àqueles mesmos olhos que o observavam sem ele saber, aquela mesma
boca com aquele sorriso de canto. Ele conhecia aquele rosto.
-
É como se ver diante de um espelho, não é? Assustador? Você se acostuma, tenha
certeza disto. Eu me acostumei. E aquela figura parou diante da maquina, de
cócoras, parecendo um macaco. E hoje estamos aqui para acabar com todo nosso
sofrimento.
-
Então era você, e não eu. Ele sentiu um alívio em perceber que talvez tudo que
lera fosse referente aquele, que aparentemente era sua cópia. Você matou todos,
inclusive a Licor de Pêssego! Ele sentiu que as suas emoções pareciam ter
morrido juntas com ela.
-
Não seja tolo. A figura fez um brusco movimento com a cabeça, olhou para cima e
depois voltou a encará-lo. Durante todos esses anos fui capaz de suportar a dor
e dar a você a chance de viver os melhores momentos da vida, sem se lembrar de
nada! E é assim que você retribui? Chamando-me de assassino? Fez um movimento
de não com o dedo indicador. Lamentavelmente eu não posso fazer nada. Vamos dizer
que eu sonho e você torna meus sonhos realidade. E hoje poremos um fim nisto
tudo. Hoje acabaremos com a causa disto tudo!
Não
entendia a situação. Estava perdido. Não sabia para onde ir, ficar ali sentando
olhando sua imagem no espelho conversando com ele, era tudo que podia fazer.
Estava preso, acuado, com uma situação que ainda não estava preparado para
enfrentar.
-
Quem é você? Quem sou eu? Ele não sabia o que fazer. Tinha que partir de algum
lugar.
-
Papai! Uma voz infantil chegou aos seus ouvidos. E uma garota aparentando seus 12 a 13 anos pareceu sair por
entre as estantes. Ela trazia consigo aquele aroma cítrico. Sem entender o
porquê, se levantou e abriu os braços para ela. Um encaixe perfeito de seus
corpos. Uma tranqüilidade repentina tomou conta de sua alma. Aonde esteve este
tempo todo, estava com saudades.
-
Eu também estava querida, eu também! Sem saber de onde, as palavras pareciam
brotar de sua boca.
Ouviu
palmas leves vindo daquela estranha figura.
-
Que comovente esta cena. Mas sinceramente, me enoja ver os dois juntos. Tive
que suportar isto todos estes anos, e você com essa sua indiferença como se
nada tivesse acontecido! Como pode agüentar? Por causa dela perdermos nosso
Amor!
Ele
não entendia, aquela figura louca falava de algo que ele não conseguia
entender, com fúria, que pareciam queimar em seus olhos como fogo.
-
Claro que você não se lembra! Eu suportei a dor, enquanto você vivia seu conto
de fadas bela adormecida! Mas hoje está na hora de acordar! Até treze anos
atrás vivíamos tão felizes, nunca pensamos que ela poderia ir embora. Mas no
dia em que este pequeno demônio nasceu vimos o olhar de nossa amada mudar. Ela
trouxe a loucura para nosso lar. Mas os médicos chamaram de depressão
pós-parto, pura falação! Um dia à noite a encontramos diante do berço, segurava
uma faca, nós sabíamos o que ela iria fazer, mas não podíamos ver que tudo era
culpa deste demônio! Tentamos evitar, mas terminamos sendo feridos, a faca
transpassou nossa cabeça. Ela não conseguiu completar sua missão, quando nos
viu caído ali no chão aparentemente morto, ela se jogou do 8º andar, direto
para o térreo. Mas acho que você não se lembra dela, muito menos do que veio
depois. Uma semana depois acordei em uma cama de hospital, os médicos vieram
falar comigo, estive em coma, dormindo. Disseram que estava sonhando. Mas só eu
sei dos terríveis pesadelos que tive. A imagem deste demônio, tudo ficou claro,
por causa dela quase morremos e por causa dela perdemos nossa querida esposa!
Não morremos por pouco a faca ficou alojada entre nossos cérebros, sem
encostar-se a eles. Mas eu e você estávamos separados, eu o lado esquerdo do
cérebro, estava lá acordado, sofrendo a dor da recuperação e das lembranças e
você o lado direito, dormindo. Todos os dias desejando matar este pequeno
demônio, mas não conseguiria, não sozinho. Precisava de sua ajuda. Mas sabia
que você não iria querer, pois somos como o Yin e o Yang, o mal e o bem, a
praga e a cura. Esperei pacientemente você acordar, guardei comigo toda a dor e
sofrimento e lhe dei a sensação de controle, de que ainda éramos só um. Você
não se lembra de como os médicos se surpreenderam? E todos esses anos, vi esse
demônio crescer junto com meu ódio, sentir este cheiro cítrico, esse perfume
idiota que ela tanto passou a gostar, sentir você nos fazer abraça-la, você
acha q foi fácil? Tinha que fazer você se acostumar com a idéia de matá-la. E
durante anos fomos matando estranhos. Um ótimo livro, não acha? A história de
nossa vida preencheria uma biblioteca como esta. E hoje viveremos o clímax de
nossas vidas. Como está escrito no grande “livro do destino”. E aqui está a
pagina número 11600. Se há uma coisa da qual não se pode escapar é o destino. E
o nosso é matar esta criança!
Estava
perplexo. Tudo aquilo parecia loucura. Não podiam ser uma só pessoa. Como tanto
ódio poderia viver junto de tanto amor. Do seu lado esquerdo a garota sentia
seu abraço forte, ele não queria largá-la, de tudo que viverá até ali, ela era
seu único ponto de referência, o único traço de lucidez. Ela o olhava sem
entender o que acontecia. Mas ele sabia bem, estava claro, nas linhas que se
seguiam uma atrás da outra, ele sabia quer parecia inevitável. Estivera durante
muito tempo a mercê daquela outra figura, que só agora conhecia, e parecia que
o destino o encurralara. Pensou que estava no controle de tudo, mas agora
percebeu, que era apenas uma metade, um lado direito de uma massa cinzenta
pulsátil. Ler as linhas finais da pagina número 11600 era assustador. Olhou
para os olhos de sua imagem e viu que eles pareciam apontar para algo a sua
direita. Olhou calmamente sem pressa, talvez quem sabe o destino passasse por
eles sem os notar, e só assim o fim trágico não acontecesse. Mas ali estava, um
machado, capaz de partir aquela pobre criança ao meio. Sentiu sua mão direita
segurar com tamanha força, que foi capaz de sentir a madeira do machado
estalar, como prestes a partir, e pode ouvir uma voz quase que sussurrada a sua
esquerda “papai, você está me machucando!”.
Lentamente
o machado foi erguido, como o ponteiro de um relógio, marcando os últimos
segundos de vida da garota, que olhava atemorizada já esperando seu fim
trágico. Ele tentou evitar a progressão do machado, mas não sentia mais o
controle sobre seu braço direito, era o outro (ele sabia) (ue sabia,
ele, seria finalmente morta. mente
insana de seu outro eu, aquele dem anos para se fortalecer, e agora era dono da
que teve anos para se fortalecer, e agora era dono da situação, iria
acabar como estava escrito, e na mente insana de seu outro eu, aquele demônio,
sua filha, seria finalmente morta. E depois? O seu braço ereto apontou
meio-dia.
Sentiu
as lágrimas quentes que desciam pelo rosto da pobre criança molharem sua
camisa. E a viu ser empurrada para frente, e após dois passos cair sentada, com
seus pequenos olhos encharcados em lágrimas fitando os olhos deles. E em
seguida, um vermelho vivo tingiu aquele vestido branco. E sentiu o corpo
arriar, deixando-o de joelhos. Tudo acontecera tão rápido. Quando seu braço
esquerdo estava pronto para descer, enquanto seu outro eu se deliciava com seu
grande feito, pode agarrar o 38 que estava esquecido em sua cintura, e com
aquela única bala que lhe restara, levou a extremidade da arma a sua boca, e
com um único movimento do gatilho, o projétil atravessou destruindo seu lado
direito da cabeça, e jogando uma chuva vermelha de sangue sobre a criança.
Antes de cair pode ver que o outro se aproximava dele, e sussurrou algo em seu
ouvido. E agora sem poder fazer nada, sentindo sua vida escorrer em cada gota
de sangue que jorrava de sua mente tombou no chão, com aquela voz ecoando no
que restara do seu córtex direito: “Não se pode fugir ao destino, não importa
quantas vezes terei que reescrever este final. No final ela morrera, pois assim
está escrito.” E a última imagem que viu foi a daquela estranha figura rasgando
o papel com o número 11600, sentado diante da máquina-de-escrever. E quando
tudo era escuridão, pode ouvir aquele som, retornando das trevas: Tlac-Tlac-Tlac.
...
Seus olhos foram lentamente se abrindo. Pelo
menos esta foi a impressão inicial que ele teve...
MAKTUB
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Rescrevendo uma poesia
Pediram uma opinião sobre uma poesia, refiz ela de forma a ficar mais poética e dramática.
Dias frios passam.
Palavras soltas,
Se perdem no tempo.
Rasgaram meus sentimentos,
E, como um pássaro
De asas cortadas,
Grito em silêncio.
Meu canto hoje
É o lamento dos amores
Que perdi
Nos outonos de minha vida.
Antes fossem troféus,
Jogadas como cartas,
Vividas para ganhar.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
De onde vem a poesia
Se não do fundo do coração
Não é fruto de alegria
E sim de frustração
É o torto reflexo da alma
Na áspera superficia da vida
Calejada pelo sol diário,
Não precisa de metria
Feliz o filho que tem
Que mesmo de escrita feia
Uma mãe que o elogia
Pois maldita seja a cria
Que não a traga harmonia
Sei que ela sorri,
Pois sabe que de mim
Só terá poesias livres.
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